Estreou ontem (Quinta-feira, 22 de Setembro) na sala Garret do Teatro Nacional D. Maria II, Casa Portuguesa com texto e encenação de Pedro Penim.
Conta com a participação de Sandro Feliciano aluno do 3º ano da Escola Profissional de Teatro de Cascais e de Carla Maciel, João Lagarto e Fado Bicha (Lila Tiago e João Caçador).
“Compreender o passado e imaginar o futuro.
Casa Portuguesa conta a história (ficcional) de um ex-soldado da Guerra Colonial que, dialogando com os seus fantasmas, se vê confrontado com a decadência e a transformação do ideal de casa, de família, de país e do cânone da figura paterna. Um retrato do que foi, do que é e do que poderá ser (ou não ser) a célula familiar patriarcal por excelência, a casa, tendo como pano de fundo os acontecimentos recentes da nossa democracia e revisitando a mais dolorosa das feridas abertas da nossa história.
Em data incerta, talvez no final dos anos 40, num bar de um hotel em Moçambique, três portugueses escrevem a canção Uma Casa Portuguesa, um fado pobre e alegre que reproduz um saudosismo estereotipado de uma ideia de Portugal, bem ao gosto da ideologia do Estado Novo. Fado que, passados 48 anos de vida democrática, ainda muitos portugueses sabem de cor.
Em 1968, Joaquim Penim, parte, a contragosto e contra a sua ideologia, para a Guerra Colonial em Moçambique, experiência que servirá de matéria, muitos anos depois, para o seu livro No Planalto dos Macondes.
Em 2021, Emanuele Coccia edita Filosofia Della Casa, um ensaio que descreve a casa como um espaço em que injustiças, opressões e desigualdades foram escondidas e reproduzidas mecanicamente durante séculos. É na casa e através da casa, por exemplo, que se gera a maior parte da violência sexual, que se privilegia a heteronormatividade e o racismo.
É da conjugação destes três materiais – fado, diário de guerra e ensaio filosófico – que nasce o espetáculo de abertura da Nova Temporada da casa do teatro português, o Teatro Nacional D. Maria II.”