Tânia Carvalho (Viana do Castelo, 1976) é uma artista portuguesa mais conhecida pelo seu trabalho coreográfico, que a enquadra como uma das referências da dança contemporânea em Portugal. Nascida com uma paixão inata pela expressão criativa, Tânia Carvalho começou a sua viagem no reino do movimento em tenra idade, iniciando as aulas de dança clássica aos 5 anos e as de dança contemporânea aos 14. Mais tarde, a sua educação passaria também por Estudos Artísticos, Joalharia e Música.
Alternando entre solos, concertos, peças de grande envergadura e colaborações artísticas, Tânia Carvalho foi esculpindo, desde os anos 90, um trajeto multidisciplinar que se expande entre a dança, a música, o desenho e o cinema. Cofundou o coletivo Bomba Suicida em 1997, onde permaneceu até 2014. Desde então, começou a produzir as suas criações em nome próprio e, em 2021, integrou o coletivo agência 25.
Como coreógrafa, Tânia Carvalho tem um portefólio impressionante de criações, onde se destacam Inicialmente Previsto (1999), New Tan (2001), Como se pudesse ficar ali para sempre (2005), Orquéstica (2006), Barulhada (2007), De mim não posso fugir, paciência! (2008), Danza Ricercata (com Joana Gama, 2008), Olhos Caídos (2010), Icosahedron (2011), 27 Ossos (2012), O reverso das palavras (2013), Síncopa (2013), A Tecedura do Caos (2014), GLIMPSE — 5 Room Puzzle (2016), Captado pela Intuição (2017), onironauta (2020) e Versa-vice (2023).
Adicionalmente, Tânia Carvalho é frequentemente convidada a colaborar com outras companhias, tendo criado peças como I Walk, You Sing (2007) para a Company of Elders; Como é que eu vou fazer isto? (2013) para a Companhia Paulo Ribeiro; 3 (2014) para o Ballet Contemporâneo do Norte; Xilografia (2016) para o Ballet de l’Opéra de Lyon; Doesdicon (2017) para a Companhia Dançando com a Diferença; S (2018) para a Companhia Nacional de Bailado; one of four periods in time (ellipsis) (2021) para o Ballet National de Marseille-(LA)HORDE, companhia que também remontou, em 2022 a peça Xilografia e o solo Como se pudesse ficar ali para sempre. Em 2021, a Companhia ŻfinMalta – National Dance Company remontou a peça A Tecedura do Caos e em 2022 Tânia Carvalho foi convidada para criar a coreografia de Promesse (2023), um espetáculo de Anne Rehbinder Metteur e Antoine Colnot para a Companhia HKC. Em 2024, estreou uma nova criação para a Companhia Tansmainz, Mysterious Heart.
No universo da composição musical, além de trabalhar as bandas sonoras de grande parte das suas peças, Tânia Carvalho tem também composto para outros artistas e desenvolvido projetos musicais como Madmud (2007), Idiolecto (2013) e duploc barulin (2019) e Music for Versa-Vice (2023), o seu primeiro disco editado.
Sob o nome Papillons d’éternité (duo formado com Matthieu Ehrlacher) damos destaque a Pieris Napi (2021), Greta Oto (2022), Lyropteryx Appollonia (2022) e Nymphalis Antiopa (2024). Em 2023 criaram ainda a tapeçaria musical de uma peça de Julián Pacomio, Toda a luz do meio-dia.
Em 2018, Tânia Carvalho realizou o seu primeiro filme Um Saco e uma Pedra – peça de dança para ecrã, estreado no Teatro Maria Matos, com orquestração ao vivo por um quarteto de cordas e percussão (Ana Filipa Serrão, Ana Pereira, Joana Cipriano, Hugo Paiva e Fernando Llopis Mata), e apresentado depois no Festival Chantiers d’Europe (Théâtre de la Ville em Paris), no Festival Abril Dança em Coimbra (TAGV), na BoCA Biennal of Contemporary Arts, na Cinemateca Portuguesa, no Théâtre Les Abbesses, no Festival Planalto, entre outros. A artista foi também convidada pelo realizador Henrique Pina a criar uma das coreografias para o filme Body-Buildings (2021) e pela RTP para participar, no âmbito do Dia Mundial da Dança, na série Danças na Cidade, para a qual criou Sucessão inevitável de acontecimentos (2022)
Toledo, a sua exposição de desenhos sempre em mutação, que tem um percurso com quase uma década, já foi exibida no CAAA (Guimarães), na BoCA (Lisboa), na KLAP Maison pour la Danse (Marselha), no Théâtre de la Ville (Paris), entre outros.
Ao longo dos anos, o trabalho de Tânia Carvalho foi reconhecido e celebrado em diversas ocasiões. A sua peça Inicialmente previsto recebeu, em 2000, o Prémio Jovens Criadores 2000. Icosahedron foi galardoada com o Prémio Melhor Coreografia, em 2012, pela Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2019 Tânia Carvalho foi distinguida com o título de Cidadã de Mérito pela Câmara Municipal de Viana do Castelo e, em 2021, voltou a receber o Prémio de Melhor Coreografia, pela SPA, com a peça onironauta.
Em 2018, o Teatro Municipal Maria Matos coorganizou, com o São Luiz Teatro Municipal e a Companhia Nacional de Bailado, o Ciclo Tânia Carvalho, apresentando uma seleção de obras criadas entre 2008 e 2018, incluindo a estreia de uma nova criação para a Companhia Nacional de Bailado (S).
Ao longo de 2022, o Théâtre de la Ville – Paris dedicou, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França, um especial enfoque ao percurso de Tânia Carvalho, apresentando alguns dos seus trabalhos mais emblemáticos em várias salas da capital francesa.
Em 2023, como reflexo da estreita relação que mantém com França desde 2008, sendo frequentemente convidada para criar, coreografar e apresentar-se em diversos contextos, Tânia Carvalho foi condecorada pelo Ministério da Cultura de França com as insígnias “Chevalier de L’ordre des Arts et des Lettres”, como homenagem ao seu contributo para o enriquecimento cultural no país.